O fungo de The Last Of Us é inspirado no Ophiocordyceps Sinensis, um parasita capaz de transformar os humanos da série em seres violentos e sanguinários. Na vida real, este fungo é utilizado há muito tempo na medicina tradicional chinesa para o tratamento de muitas doenças. Nos últimos anos, seu uso aumentou dramaticamente e tais demandas resultaram na sua colheita excessiva na natureza (Jin Xu et al).
O. Sinensis é um fungo que parasita larvas de mariposas e produz um corpo frutífero valorizado como erva (Chen et al., 2010). Na China, é comumente chamado de ‘Dong Chong Xia Cao’ (significa ‘verme de inverno em grama de verão’) e tem sido usado como medicamento há mais de 300 anos (Wang, 1694). Atualmente, este fungo é amplamente utilizado para o tratamento de inflamações, câncer, doença renal crônica, fraqueza e disfunção sexual (Chang e outros, 2015).
O. sinensis foi oficialmente classificado como uma espécie ameaçada em 2012 pela Autoridade de Gestão da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES) da China devido à população selvagem limitada e à colheita excessiva (Autoridade de Gestão da CITES da China, 2012).
Mas afinal de contas, esse fungo pode causar um apocalipse zumbi? A resposta é: Sim, mas não em seres humanos.
O gênero de fungos Ophiocordyceps, que inspira o da ficção, é capaz de parasitar insetos e transformá-los em verdadeiros zumbis.
De acordo com Matt Fisher, epidemiologista de doenças fúngicas do Imperial College London, para a BBC News Brasil, há alguns anos ele fazia uma pesquisa de campo à noite nas densas florestas da Guiana Francesa quando se deparou com algo surpreendente. “Encontramos cadáveres de insetos que haviam sido parasitados fixados no alto da vegetação, com corpos cheios de esporos sendo projetados para fora de seus crânios”,
Fisher sabia exatamente do que se tratava: restos mortais das “formigas zumbis”, insetos infectados com um parasita fungal que controla seus corpos e mentes.
Segundo o artigo escrito pela bióloga Monik Suçuarana para o site InfoEscola,
as formigas são contaminadas quando entram em contato com os esporos dos fungos, espalhados no ambiente. Após essa contaminação, as formigas continuam desenvolvendo suas atividades normalmente. Estes esporos passam a germinar e o fungo se desenvolve penetrando ativamente no corpo da formiga e se alimentando de estruturas musculares. As hifas do fungo se espalham pela região do cérebro e da mandíbula. O sistema nervoso central da formiga é atingido e nesse período elas apresentam um movimento desordenado e trêmulo, escalando e caindo de arbustos. A formiga se afasta do formigueiro e é induzida a buscar áreas de vegetação. O fungo controla os músculos mandibulares da formiga, que fixa as mandíbulas em uma folha ou em outra região da planta, permanecendo assim até morrer, assim os esporos dos fungos são liberados em uma área maior do que se as formigas morressem no solo.
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